Falta de remédios nas farmácias básicas municipais afeta 82% dos municípios brasileiros, segundo uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM). A terceira edição do estudo Desabastecimento de Farmacêutico reuniu informações de 3.360 municípios, o que representa 60,3% do total de 5.568.
O problema é generalizado, afetando tanto os municípios remotos quanto os grandes centros urbanos, e abrange desde medicamentos básicos até especializados. Antibióticos estão em falta em 82,6% dos municípios pesquisados, seguidos por anti-hipertensivos (42,2%), medicamentos para o sistema nervoso (39,9%), combate ao diabetes (35,6%) e transtornos respiratórios (33,7%).
O estudo também mostrou que o tamanho do município não influencia na falta de medicamentos. Em pequenas cidades, a falta de medicamentos afeta 81% dos hospitais municipais, enquanto em médias e grandes cidades o problema atinge 87% e 91% das prefeituras, respectivamente.
Os medicamentos do componente especializado também estão em falta em 51,5% dos municípios. A falta de matéria-prima para a produção de medicamentos é apontada como a principal causa para o déficit (56,9%), seguida pela falta de medicamentos no mercado (39,3%) e dificuldades na licitação (35,9%). Como consequência, 10,5% das gestões relataram complicações de quadros clínicos, 6% aumento de internações, 5,9% aumento de tratamento fora de domicílio e 1,8% aumento de cirurgias.
A pesquisa alerta para a importância da garantia do acesso aos medicamentos básicos e especializados para a população, sobretudo para as pessoas em situação de vulnerabilidade. As prefeituras precisam investir na melhoria do sistema de distribuição e na otimização das compras de medicamentos, além de estabelecerem parcerias com as indústrias farmacêuticas para garantir o abastecimento adequado das farmácias públicas municipais.